Um estudante de medicina veteriária diz ter sido alvo de homofobia após ser espacando por um jovem que o ofereceu carona na saída de uma boate em Salvador. A vítima registou a ocorrência na Polícia Civil e fez um desabafo sobre o caso em uma rede social. Já o suspeito de cometer as agressões se arrependeu e, horas após o crime, pediu desculpas pelo que fez.
O estudante agredido, Thiago Almeida, que é homossexual, contou ao G1 que o caso ocorreu na madrugada de domingo (10). Ele tinha ido na noite de sábado (9) com duas amigas para a boate XYZ, localizada no bairro do Rio Vermelho, e, dentro da casa de shows, disse ter conhecido o suspeito.
"Ele [o suspeito] estava com uns amigos e eu já conhecia um deles. A gente, então, começou a conversar. Ele disse que não era gay, mas que costuma dar selinhos em homens. Depois, perguntei onde ele morava e ele disse que era em Lauro de Freitas. No final da festa, eu disse para as minhas amigas que queria ir embora e ele disse que me daria carona para casa, já que era caminho. Como eu já conhecia um dos amigos dele, eu senti que era seguro", destacou o jovem, que mora em Stella Maris, perto de Lauro.
Thiago diz que, no meio do caminho, no entanto, o jovem pediu que ele descesse do carro e começou a agredi-lo. "Quando deixamos a boate, eu entrei no carro com ele [o suspeito] e os dois amigos dele. Fiquei no banco de trás. Primeiro, ele deixou um dos amigos, que era o cara que eu conhecia, no Itaigara. Depois, seguiu comigo e com o outro colega dele. Quando chegou no meio da Paralela, ele pediu para eu descer e começou a me agredir", contou.
Thiago relatou que o amigo do suspeito que estava no carro ainda tentou impedir as agressões, mas não conseguiu.
"Ele tentou segurar ele, mas ele segurou meu rosto e me deu três socos. Me empurrou e, quando eu caí no chão, meu óculos foi parar longe. Ainda me chamou de viadinho, bicha. Em nenhum momento eu imaginei que isso fosse acontecer. Foi um ato de homofobia, porque eu não fiz nada. Não sei o que passou pela cabeça dele", destacou.
Depois das agressões, Thiago disse que o jovem entrou novamente no carro, foi embora com um amigo e o deixou no local. Em seguida, um taxista que o viu sendo agredido ofereceu ajuda. "O taxista me ajudou a levantar, me levou de graça até em casa e pediu que eu fizesse uma denúncia", contou.
O jovem registrou a ocorrência na 12ª Delegacia, que fica no bairro de Itapuã, e fez posts em seu perfil no Instagram contando o que tinha acontecido. O suspeito, um dia após as agressões, ainda entrou em contato com a vítima, por meio da rede social, pedindo desculpas.
"Eu estou horrorizado com tudo que fiz ontem. Não é meu comportamento. E, realmente, não tem perdão. Desculpa de coração. Não tem justificativa, realmente foi terrível de minha parte. E entendo se você tiver com ódio de mim", disse.
Thiago contou que o suspeito ainda pediu para marcar um encontro com ele para conversarem, mas o estudante recusou.
A Polícia Civil informou, nesta terça-feira (12), que já identificou o jovem que agrediu Thiago e que ele deve ser ouvido nos próximos dias.
A boate XYZ, onde Thiago e o suspeito estavam antes das agressões, também usou as redes sociais para se manifestar sobre o ocorrido.
"Existimos exatamente para proporcionar momentos agradáveis para todos. A festa de ontem não foi promovida pela XYZ e, ainda que o incidente não tenha ocorrido dentro das dependências do espaço do nosso Portela Café, repudiamos toda e qualquer forma de discriminação e violência. Nos solidarizamos com o Thiago e emanamos toda força possível para que lide com a situação", diz trecho da nota.