O Barcelona, o "time a ser batido na Europa", segundo seu treinador, não foi apenas batido na noite desta sexta-feira, em San Mamés. Foi humilhado, dominado. Foi goleado.
O Athletic Bilbao fez em 90 minutos o que ninguém fez em toda a temporada passada: neutralizou e envolveu o time que já havia conquistado quatro títulos neste ano. E de forma inapelável: 4 a 0, no primeiro jogo da final da Supercopa da Espanha.
Teve gol do meio-campo, gol de cabeça, de pênalti... três gols do mesmo jogador. E uma coleção de falhas - do goleiro confiante, dos defensores atrapalhados, do meio-campo inoperante, do ataque que reagiu pouco.
O sonho do Athletic de conquistar seu primeiro título em 32 anos ficou mais próximo.
O sonho do Barcelona, de conquistar seis títulos em um só ano, repetindo 2009, ficou à distância de um milagre. Um milagre que só tem uma data para acontecer: dia 17, a próxima segunda-feira, no Camp Nou.
Para buscar seu quinto título em 2015, Luis Enrique escalou o Barcelona com cinco mudanças com relação ao time titular do duelo contra o Sevilla, na terça - Bartra, Vermaelen, Adriano, Pedro e Sergi Roberto ganharam chances desde o início.
O Athletic, mesmo com desfalques importantes como Williams, Iturraspe e Mikel Rico, entrou em campo muito bem armado, e com o apoio de uma torcida que incendiou o estádio de San Mamés.
Nos primeiros dez minutos, o Barcelona teve a posse de bola praticamente todo o tempo, mas não conseguiu criar. Os passes estéreis no meio-campo não se convertiam em oportunidades, e o Athletic - bem postado - nem tinha dificuldades para anular as principais jogadas de ataque do time catalão.
Depois do falso domínio do Barcelona, o Athletic adiantou a marcação. E aí, passou a mandar no jogo. Entre os 10 e os 12 minutos, foram quatro ataques seguidos sem que o time de Luis Enrique passasse do meio-campo.
E aos 13min, durante a pressão basca, o goleiro Ter Stegen afastou uma bola de cabeça, na intermediária. Só que ela parou nos pés de Mikel San José, no círculo central. Um toque para dominar, e um chute preciso para marcar um gol histórico - um tiro perfeito a 47 metros de distância, e o Athletic saía na frente.
O Barcelona, que já não estava bem, sentiu o gol. O meio-campo, com Rafinha e Sergi Roberto como criadores, era lento e não conseguia romper as linhas da defesa do Athletic. Messi tentava, mas falhava repetidamente. Suárez teve boa chance aos 26 minutos, mas San José - o autor do gol - tirou em cima da linha.
Enquanto o rival levava perigo a cada ataque, o Barcelona só criou outra boa oportunidade nos acréscimos. Pedro sofreu falta, e a cobrança de Messi tinha endereço certo, não fosse a mão salvador do goleiro Gorka Iraizoz.
Na segunda etapa, o Barcelona precisava criar mais, e até teve duas ótimas chances logo no início. A 3min, Pedro chutou no travessão; aos 5min, Messi, praticamente da marca do pênalti, parou novamente nas mãos de Iraizoz.
Luis Enrique precisava mexer no meio-campo, e, aos 8 minutos, Iniesta entrou no lugar de Rafinha. No lance seguinte, Sergi Roberto errou um passe, e Sabin Merino avançou pela esquerda. O cruzamento encontrou Aritz Aduriz bem posicionado; o veterano atacante tocou de cabeça para fazer 2 a 0.
Oito minutos depois, a história se repetiu: logo depois da entrada de Rakitic no lugar de Sergi Roberto, uma série de erros causou o terceiro gol do Athletic - Adriano, Bartra e Daniel Alves falharam em sequência, e Aduriz, de novo, não perdoou.
Parecia que não havia maneira de ficar pior. Mas, sim, havia. Aos 20 minutos, depois de uma cobrança de escanteio, Daniel Alves agarrou Etxeita dentro da área. Pênalti, que Aduriz cobrou para transformar a vitória em goleada.
Com 4 a 0 contra, o Barcelona precisava buscar um gol para minimizar o prejuízo e manter-se com mais chances na disputa pelo título. Mas a necessidade transformou-se em desespero. Um desespero que, como a lentidão do time catalão no primeiro tempo, não deu resultado.