Nove pessoas ficaram feridas em um acidente envolvendo dois trens que colidiram na altura da Estação São Cristóvão da SuperVia, na Zona Norte do Rio, às 6h55 desta quarta-feira (27). Entre os feridos, sete já foram liberados, um está hospitalizado, e o maquinista de uma das composições ficou preso às ferragens por mais de sete horas.
Com auxílio dos bombeiros, o condutor, que não teve a identidade revelada, respirava com a ajuda de um tubo de oxigênio e recebeu soro e bolsas de sangue. Segundo a corporação, ele passou boa parte do resgate lúcido e conversava com a equipe de resgate.
Ao ser retirado de baixo do vagão, contudo, o condutor estava desacordado.
Ao menos 12 bombeiros, de três quartéis, trabalharam na operação. Segundo a corporação, eles se dividiram em duas frentes de trabalho: uma equipe, por dentro da composição, realizava afastamento das ferragens por meio de desencarceradores hidráulicos; outra, do lado externo, fez cortes nas ferragens com auxílio de aparelho de maçarico.
"O trabalho é lento, meticuloso e exige perícia técnica dos militares envolvidos. A prioridade é o suporte à vida da vítima", diz a nota enviada pelo Corpo de Bombeiros.
Sete feridos liberados
Todos os oito feridos foram hospitalizados. Segundo o Corpo de Bombeiros, todos foram classificados, após avaliação, como "verdes", ou seja, sem risco de morte.
Sete vítimas com traumas leves foram levadas para o Hospital Municipal Souza Aguiar e já receberam alta. Outro paciente, com quadro estável, seguia, por volta das 12h30, em atendimento no Hospital Municipal Salgado Filho.
Um dos feridos liberados é o encanador Sandro Ricardo Moreira, morador de Duque de Caxias, que estava indo para Cascadura e teve uma luxação no joelho esquerdo durante a colisão do trem. Sandro contou que a composição ficou parada por dez minutos antes do impacto.
"Eu rolei no chão, bati e machuquei”, disse o encanador, que todos os dias faz a baldeação na estação de São Cristóvão.
O acidente
A colisão aconteceu entre um trem do ramal de Deodoro, que vinha da Central, e uma composição ainda não identificada que também saiu da Central. Um dos trens estava parado quando o outro bateu. O choque foi tão violento que a locomotiva de um dos trens se soltou do chassi e ficou esmagada.
Bombeiros iniciaram às 7h15 o trabalho de abrir caminho entre esses destroços para soltar o condutor. Bombeiros dos quartéis do Centro, Praça da Bandeira e Vila Isabel participaram do resgate.
Estrondo e queda
Passageiros que estavam em um dos trens contam que ficaram assustados no momento da colisão e que muita gente caiu. Segundo Andreia Mathias, que estava a caminho do trabalho, as pessoas só se deram conta da gravidade da batida quando saíram da composição.
“A gente escutou aquele baque, e todo mundo caiu dentro do trem. Aí um camelô tentou nos acalmar, né, acudiu alguém que caiu e falou: 'Gente, calma, fica calma que foi só o trem que descarrilou. Aí, nisso que nós levantamos e começamos a andar, estavam vindo os guardas e o apoio da SuperVia. Quando nós saímos do trem que nós vimos a gravidade que foi”, afirmou Andreia.
Os trens do ramal Deodoro tiveram intervalos irregulares, circulam com atraso e não estão parando na estação Praça da Bandeira, no sentido Deodoro, e na estação São Cristóvão, no sentido Central do Brasil. Os passageiros estão sendo informados pelos canais de comunicação da concessionária.
A estação onde aconteceu o choque tem baldeação com a Linha 2 do metrô. Quatro ramais da SuperVia param em São Cristóvão.
Investigação
Em nota, a concessionária informou que uma sindicância foi instaurada para apurar as causas do choque.
A Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro) informou, em nota, que está investigando as circunstâncias do acidente.
"Equipes técnicas foram enviadas à estação para fazer o levantando do local do acidente. Além das causas da colisão, também serão objeto de análise pela agência reguladora a adequação do atendimento prestado aos usuários pela concessionária SuperVia e dos procedimentos adotados para o restabelecimento da normalidade na operação comercial dos trens. A concessionária poderá ser multada", afirmou a nota.