Segundo dia de festival teve ainda gritinhos para o 'caçula' Shawn Mendes, Skank e homenagens para os veteranos Elza Soares e João Donato.
O sábado de Rock in Rio teve Pabllo Vittar (de novo) e Maroon 5 (de novo). De novo sim, mas melhores.
Convidada por Fergie, Pabllo foi o ponto alto do primeiro show no Brasil da carreira solo da ex-diva do Black Eyed Peas. Jogou uma performance festejada no Palco Mundo bem na cara de quem não vê força no pop nacional. Na sexta, a cantora brasileira levou um público digno de Palco Sunset a um standzinho mixuruca de patrocinador.
Sem o fator surpresa, o Maroon 5 fez show parecido, mas para uma plateia só deles. Não ter herdado os fãs de Lady Gaga ajudou um pouco a performance.
O segundo dia de festival teve ainda gritinhos para o "caçula" Shawn Mendes e homenagens para os veteranos Elza Soares e João Donato. Embora a Cidade do Rock estivesse aparentemente mais cheia do que a noite anterior, a previsão por dia segue de 100 mil pessoas, segundo a organização.
Palco Mundo
Maroon 5
Na segunda noite seguida tocando no Rock in Rio, as duas diferenças no setlist foram a inclusão de "What lovers do", single lançado no final de agosto e tocado pela primeira vez ao vivo, e a substituição de "Garota de Ipanema" por "Lost stars". Mas o sábado foi melhor se o que você queria era cantar junto com a multidão de mãos pro alto músicas que todo mundo já conhece e provavelmente já ouviu igualzinho outras vezes.
Como uma diva de primeiro time, embora não seja, Fergie mostrou suas várias personas: a ex-musa do Black Eyed Peas, a roqueira com pose de Axl Rose, a dona do berro de hits eletrônicos, a rapper ("London Brigde" tem seu charme) e, a melhor de todas, a apresentadora. O show começou como um excelente programa de auditório. E com bons convidados: além de Pabllo, Sérgio Mendes tocou com ela em "Mas que nada".
Shawn Mendes
Shawn Mendes, 19 anos, mostrou um soul pop que ainda tem a amadurecer, mas já arrebata uma multidão adolescente em seu primeiro show no Brasil. Ele foi atração do Palco Mundo com sua voz rouca que não é muito potente. Às vezes, ela some no meio dos gritinhos das fãs, mesmo com ajuda de efeitos. Mas só de fazer um show dançante sem as falcatruas eletrônicas da maioria dos concorrentes, só com uma banda competente de suinguinho teen, merece um crédito.
Skank
Cinquentões no pop rock, o Skank ainda faz muita gente novinha cantar de olhinhos fechados e gritar: "Essa é a minha música". O grupo mineiro levou "good vibe" e agradou tanto o público fã de pop quanto quem estava só a passeio. O único momento que destoou foi quando o Samuel Rosa fez um longo discurso político contra a corrupção, antes de "Indignação". "Nosso dinheiro está escorrendo pelo ralo. Acredito nos brasileiros, não nos políticos", disse o vocalista e guitarrista.
Palco Sunset
Miguel convida Emicida
Era para ser um show com uma parceria, mas foi um show de um cara só: o talentoso cantor americano Miguel. A participação de Emicida durou 8 minutos, com improvisos e a inédita "Oásis". Mesmo assim, os poucos interessados (menos de mil pessoas) curtiram o R&B de timbres sensuais e chapados. "Foda. Não, muito foda. Não, não, não... Foda pra c...", gritaram os dois juntos no palco, em português, super entrosados. Taí uma boa definição para o show de Miguel.
Rael convida Elza Soares
Não rolou propriamente um "RaElza Soares", mas nem precisou. Mesmo sem nenhum momento com dueto marcante, Rael e Elza Soares fizeram um show bastante bom neste sábado. Aos 80 anos, a artista participou apenas da segunda metade da apresentação. Ficou sentada (mas cantou bem) e estava "escoltada" por quatro fortões (se você reparasse bem, dava para vê-los dançando de leve). Elza saiu ovacionada ao repetir várias o verso "me deixem cantar até o fim" na música "A mulher do fim do mundo".
Blitz com Alice Caymmi e Davi Moraes
Se alguma conclusão foi tirada ao fim do show da Blitz no Palco Sunset, foi a seguinte: o hit tem poder. Apenas isso explica como canções que foram sucesso há 35 anos ainda fazem uma multidão inteira cantá-las do início ao fim. O show também teve um momento de politização, quando Mesquita fez críticas à redução de áreas protegidas na Amazônia. Neste momento, a plateia gritou "Fora, Temer!". Logo em seguida, a banda, com o auxílio de Davi Moraes, executou "Aluga-se", de Raul Seixas.
Homenagem a João Donato
Assim que pisou no principal espaço de experimentações do festival, João Donato (de 83 anos) levou com grande calma a apresentação dos maiores clássicos da sua carreira. E desta vez, ele estava muito bem acompanhado: Mariana Aydar, Tiê, Lucy Alves e Emanuelle Araújo emprestaram as vozes para as canções, em uma bela homenagem à obra de Donato.